INTRODUÇÃO AO REINO METAZOA
O reino Metazoa ou Animalia tem como apomorfia a existência de blástula em algum período do desenvolvimento embrionário do ser vivo, constituindo-se em um clado que abrange 9 diferentes filos: poríferos, cnidários, platelmintos, nematódeos, moluscos, anelídeos, equinodermos e cordados. Dentro do reino, temos algumas outras subdivisões, como Parazoa (poríferos, não possuem tecidos diferenciados) e Eumetazoa (demais animais, com tecidos diferenciados) e o subclado Ecdisozoa, composto pelos filos Nematóide e Artrópode, que possuem ecdisona e realizam a ecdise (“muda” de cutícula.
ORIGEM DOS METAZOA
Embora haja outras significativas como a sincilial e a simbiótica, a teoria mais aceita pela comunidade científica em relação a origem desse reino é chamada Teoria Colonial, proposta por Ernst Haeckel em 1874, mais tarde modificada pelo biólogo russo Ilya Ilych Mechnickov (1845-1916) em 1887, e retrabalhada por Libbie Henrietta Hyman (1888-1969) em 1940.
De acordo com essa teoria, os ancestrais dos metazoários são os coanoflagelados (Choanoflagellata), uma subdivisão dos protozoários que apresentam algumas características compartilhadas  com os seres  mais primitivos do reino animalia, os poríferos. Os coanoflagelados vivem tanto como células solitárias ou formar colônias, e seria desse ultimo caso que os animais se originariam. Além de características moleculares e ultraestruturais, outra característica marcante dos coanoflagelados é a sua morfologia celular específica: o flagelo da célula do mesmo é  envolto num colarinho, assim como os coanócitos presentes nos poríferos. Esse, juntamente com o flagelo, toma parte na coleta de partículas para alimentação, o que os faz filtradores.





Segundo a teoria colonial, os animais se originaram a partir desses prototistas flagelados coloniais, que seriam esferas ocas com células flageladas na superfície externa, semelhante ao protoctista atual do gênero  Volvox sp.  Apresentariam um eixo anterior-posterior e nadariam com o polo anterior voltado para frente, além de apresentar diferenciação celular entre células somáticas e reprodutivas (gônadas internas). Os protoctistas flagelados exibem a tendência a uma organização colonial que pode ter conduzido a uma organização pluricelular por exemplo no gênero Volvox sp. Sendo assim, essa colônia primitiva esférica e oca com células flageladas externas (semelhante ao protoctista do gênero Volvox sp.) seria uma fase evolutiva denominada BLASTEA. Desta forma, a “blástula” teria se invaginado, formando um novo organismo chamado GASTREA com parede dupla (orginando os folhetos embrionários ectoderme e endoderme) em forma de um tubo com apenas uma abertura: o blastóporo. Ainda possuiria uma segunda cavidade interna: o arquênteron. Assim, essa GASTREA (animal) seria o ancestral hipotético, equivalendo ao estágio de gástrula no desenvolvimento embrionário dos metazoários atuais.

A grande aceitação dessa teoria provém de diversos fatos, como a presença de células espermáticas flageladas nos metazoários tanto basais (coanócitos nos poríferos e células epitélio glandulares nos cnidários), como nos grupos derivados, por exemplo, cordados. Além disso, podemos citar os hidrozoários medusoides (considerados os cnidários mais ancestrais) que apresentam dois folhetos (a gastroderme e a ectoderme) e uma única abertura que desemboca na cavidade digestiva (arquênteron).


CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS METAZOA
  • Multicelularidade: todos os organismos desse reino são pluricelulares.
  • Cooperação celular: as células trabalham em conjunto de forma cooperativa para o melhor funcionamento do indivíduo formado por elas.
  • Comunicação celular: há um fluxo de “informação” entre as células, que se dá na maioria das vezes por hormônios e/ou ligações entre elas, como os desmossomos, além de neurotransmissão.
  • Presença de blástula: apomorfia do reino. Consiste no segundo estágio de desenvolvimento embrionário dos animais, e sua composição física pode ser vista na imagem abaixo:
  • Presença de colágeno: além das conexões por desmossomos, hemidesmossomos,  junções comunicantes e junções oclusivas, existe a presença de COLÁGENO que constitui parte da matriz extracelular juntamente com  filamentos de proteínas elásticas.
  • Heterotrofia por ingestão: Todos os animais são heterotróficos por ingestão, com digestão intracelular (poríferos e cnidários) e extracelular (os demais filos).
  • Não apresentam parede celular: apenas membrana plasmática.
  • Movimento: em quase sua totalidade apresentam tecidos especializados em movimento (tecido muscular), aliado a algum tipo de esqueleto (sustentação e ancoragem dos músculos) e geralmente apresentam movimento em uma ou todas as fases da vida (para capturar alimento, encontrar parceiros para cópula ou fugir de predadores).
  • Presença de carioteca: todos são eucariotos.
EMBRIOLOGIA DOS METAZOA
O desenvolvimento embrionário dos metazoários, como demonstrado no esquema anterior, inicia-se com a fecundação do óvulo pelo espermatozoide. A seguir, através de um processo denominado clivagem (divisões mitóticas), é formada a mórula, um aglomerado de células que dura apenas algumas horas. A seguir, há a formação da blástula, que constitui uma esfera oca de células na qual a cavidade interna se denomina blastocele. Esse estágio, como já dito anteriormente, é a apomorfia do reino animal. Dependendo de como ou o quanto o desenvolvimento prosseguir, teremos um animal de um filo diferente. A partir da invaginação da blástula temos o surgimento da gástrula, que possui dois folhetos embrionários (ectoderme e endoderme), onde o blastóporo e o arquênteron aparecem. Caso o desenvolvimento “pare” nessa parte, teremos um embrião diblástico. Caso haja o surgimento de mesoderme na cavidade interna anteriormente denominada blastocele, o animal será triblástico, e dependendo da espessura desse novo folheto, poderá ser acelomado ou celomado. O blastóporo originará o ânus nos animais dos filos mais modernos (equinodermos e cordados) e a boca nos mais ancestrais (demais filos).



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